Dra. Clara Buscarini Médica Infectologista em São Paulo

Dra. Clara Buscarini Leutewiler

Infecções Pós-Cirúrgicas: por que acontecem e qual o papel do infectologista

Após qualquer procedimento cirúrgico, o corpo passa por um período de vulnerabilidade. Mesmo com cuidados rigorosos, é possível que ocorram infecções pós-cirúrgicas, que podem complicar a recuperação e exigir intervenção médica especializada.

O que são infecções pós-cirúrgicas

São infecções que atingem a ferida operatória ou tecidos próximos, causadas principalmente por bactérias. Podem ocorrer:

  • Nos primeiros dias após a cirurgia,
  • Ou podem ser tardias, podendo aparecer em até 90 dias após procedimentos que envolvem implante de próteses ou presença de sínteses

Fatores de risco

Os fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico (ISC) podem ser classificados em fatores relacionados ao paciente e à operação. Entre os fatores do paciente, destacam-se: idade avançada, obesidade, diabetes mellitus, imunossupressão, tabagismo, hiperglicemia perioperatória, baixo nível de albumina, e presença de comorbidades. A obesidade, por exemplo, está associada a risco aumentado de ISC em diversos tipos de cirurgia, com taxas crescentes conforme o índice de massa corporal (IMC).

Entre os fatores relacionados à operação, incluem-se: duração prolongada da cirurgia, classificação da ferida como contaminada ou suja, cirurgia de emergência, técnica aberta (em comparação à laparoscópica), presença de corpo estranho ou implantes, transfusões sanguíneas, múltiplos procedimentos, e baixa adesão às medidas de controle de infecção no centro cirúrgico (como higiene das mãos e esterilização de instrumentos). O tempo cirúrgico superior a 2 horas e mudanças de equipe intraoperatórias também elevam o risco.

Alguns desses fatores são modificáveis, como controle glicêmico, cessação do tabagismo, perda de peso, otimização nutricional e adesão rigorosa aos protocolos de prevenção de infecção, enquanto outros são não modificáveis, como idade e comorbidades crônicas. 

Sinais de alerta no pós operatório

  • Vermelhidão, calor ou dor intensa na ferida;
  • Secreção com pus ou odor desagradável;
  • Febre persistente;
  • Inchaço ao redor da cirurgia;

O papel do infectologista

O infectologista:

  • Avalia a gravidade da infecção;
  • Solicita exames laboratoriais e de imagem;
  • Prescreve antibióticos adequados, evitando uso indiscriminado;
  • Orienta cuidados domiciliares e acompanhamento do tratamento.
  • Otimiza estratégias de profilaxia do pré operatório (Como descolonização para algumas bactérias como MRSA, com banho de clorexidina e mupirocina nasal, em alguns procedimentos cirúrgicos)
  • Auxilia no cirurgião sobre o manejo de biofilme e sobre a indicação de retirada ou considera a manutenção eventual de próteses
  • Avalia possíveis interações medicamentosas e otimiza dose dos antimicrobianos pelo peso do paciente
  • Avalia e orienta a profilaxia antimicrobiana adequada de acordo com o procedimento cirúrgico.
  • Além disso, orienta medidas de controle de infecção hospitalar e estratégias epidemiológicas.

Diagnóstico

O diagnóstico envolve:

  • Avaliação clínica detalhada da ferida;
  • Cultura de secreções/ desbridamento cirúrgico para identificar o microorganismo (nunca swab de lesão)
  • Exames de sangue no auxílio da gravidade do quadro
  • Imagem quando necessário para descartar abscessos profundos/ infecções profundas e planejamento terapêutico

Tratamento

  • Antibióticos específicos conforme resultado da cultura; Ou empírico se necessário;
  • Drenagem de secreções fechadas/ limpeza cirúrgica se necessária
  • Cuidados com higiene e curativos;
  • Monitoramento contínuo até completa cicatrização.

Prevenção

  • Seguir rigorosamente as orientações médicas pós-cirurgia;
  • Higienizar corretamente o local da ferida;
  • Garantir sempre as práticas de higiene de mãos
  • Controlar doenças crônicas que podem afetar a cicatrização.

Conclusão

As infecções pós-cirúrgicas podem ser graves, mas com acompanhamento adequado por um infectologista, é possível tratá-las de forma eficaz, garantindo recuperação completa e prevenindo complicações.


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